Revista
AFETOS & SEXUALIDADE
DEFCON poder
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DEFCON Poder
Siebers carateriza a deficiência como uma caraterística individual, mas construída socialmente, uma vez que nos diversos contextos que a pessoa convive, a representação da sua deficiência ganha caraterísticas distintas devido aos julgamentos sociais sobre a diferença entre o normal e o atípico (Maia, 2010).
Maia (2010) afirma que numa família em que existe um membro com deficiência, os sentimentos que surgem são predominantemente a revolta, negação, desvalia e sintomas depressivos. Contudo, após a aceitação da deficiência são desenvolvidas atitudes positivas e otimistas que ajudam a enfrentar as mudanças e adaptações à sua vida. A família auxilia, protege e cuida da pessoa com deficiência, mas quando em exagero, pode prejudicar a sua integração na sociedade devido à superproteção e dependência, condicionando o desenvolvimento das relações afetivas com os pares.
A sexualidade é composta por relações sexuais que envolvem situações de intimidade, mas também por relações de amizade, laços afetivos e laços familiares que promovem a socialização saudável e a autoestima, sendo essenciais nos relacionamentos entre pessoas com deficiência e pessoas sem deficiência. Estes conceitos contribuem para que a pessoa se sinta desejável e agradável, melhorando a sua autoestima e imagem corporal. A imagem corporal é a imagem que cada pessoa tem do seu próprio corpo e é formada por um referencial social e cultural (por vezes diferente do real, mas idêntico ao imaginário e ao que é desejável socialmente). A construção da imagem corporal em pessoas com deficiência motora por exemplo, resulta maioritariamente da perceção de um corpo desvantajoso e desigual comparativamente às pessoas sem deficiência. A autoestima é a forma como os indivíduos encaram a sua identidade, através de uma imagem corporal satisfatória e da aceitação dos aspetos afetivos e sociais que os rodeiam. Nas pessoas com deficiência a autoestima positiva pode desenvolver-se quando os vínculos afetivos familiares e sociais são estabelecidos com sentimentos de amor, afeto e aceitação (Maia, 2010).
No período da adolescência a aparência é um dos fatores mais importantes no meio social, sendo frequente em pessoas com deficiência motora uma autoestima e imagem corporal comprometidas. As dificuldades físicas e comunicacionais contribuem para um quadro de fragilidade emocional, como stress e depressão. O meio social que rodeia a pessoa com deficiência poderá representar uma barreira, quando se verifique a existência de preconceito e discriminação (Maia, 2010).
A autoestima das pessoas com deficiência depende do feedback positivo, das relações sociais e sexuais favoráveis, tanto na família, nas instituições ou com os pares que as rodeiam, de modo a desenvolver a aceitação social, integração, inclusão, independência e autonomia.
Nos dias de hoje, é comum existir nas escolas ou em instituições a educação sexual que é um processo onde se transmitem conhecimentos científicos sobre o corpo e o seu desenvolvimento, promovem-se atitudes positivas e comportamentos responsáveis no que diz respeito à sexualidade (Pinho, Menezes e Cardoso, 2011).
As relações sociais e sexuais de adolescentes diagnosticados com paralisia cerebral (PC) não se desenvolvem como as relações dos pares com desenvolvimento típico. Adolescentes com PC demonstram níveis mais baixos de conhecimento sexual, mas afirmam que é algo importante nas suas vidas. As suas relações sociais, afetivas e sexuais desenvolvem-se num ritmo mais lento que os jovens com desenvolvimento típico, a autoeficácia e autoestima sexual são insatisfatórias, o que prejudica o estabelecimento de relações sexuais e afetivas. A vida sexual de pessoas com PC pode ser influenciada pelas suas caraterísticas (mobilidade, forma de comunicação, entre outras) levando por vezes ao isolamento social. No relacionamento de pessoas com paralisia cerebral com outras pessoas, existem fatores (como as adaptações, a autoestima sexual, a família, os amigos, participação social, acessibilidades, entre outras) que devem ser tidos em conta e que, em harmonia, influenciam indireta e positivamente o estabelecimento de relações sociais e sexuais com os pares (Wiegerink et. al., 2006).
Vieira (2013) salienta que a pessoa com deficiência tal como a pessoa sem deficiência pode ter impulsos sexuais que variam de pessoa para pessoa. Acrescenta que existe uma tendência para considerar as deficiências iguais e que, cada deficiência tem as suas caraterísticas e especificidades independentemente do contexto (sexual, familiar, social, afetivo, etc). Conclui que apesar das pessoas com deficiência puderem ter potenciais de aprendizagem, autonomia, estabelecimento de relações e estabilidade emocional diferentes, são capazes de desenvolver conhecimentos e relações sociais, afetivas e sexuais.
Autores: Equipa de Desporto, Educação e Cidadania da APCAS
Referências Bibliográficas:
Revista DEFCON Poder da APCAS-Associação de Paralisia Cerebral de Almada Seixal, cofinanciada pelo Programa de Financiamento a Projetos do Instituto Nacional para a Reabilitação!
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