Revista
AFETOS & SEXUALIDADE
DEFCON poder
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DEFCON Poder
O tema “Afetos & Sexualidade” nas pessoas com deficiência é ainda infelizmente, um tema Tabu em Portugal e a nossa sociedade não está preparada para lidar/falar sobre este assunto.
Nós somos um casal com deficiência, que para nos juntarmos tivemos que ultrapassar muitas barreiras, não só físicas, mas também psicológicas. Desde procurar casa que fosse adaptada para as nossas necessidades, encontrar apoios na freguesia para ajudar em tarefas que não conseguíssemos fazer sozinhos, não termos o apoio/motivação das nossas próprias famílias para darmos este passo sozinhos, etc.
Poderíamos dizer muito mais sobre nós, o que correu mal e o que correu bem, mas não iremos nos focar em nós, mas dar uma perspetiva mais ampla na Sexualidade das pessoas com deficiência.
Para a maior parte da sociedade, as pessoas com deficiência são assexuadas, ou não sentem prazer/necessidade de o fazer, mas enganam-se, temos as mesmas necessidades que todo o mundo, apenas temos de nos “adaptar” e reinventar.
Comentários como “mas consegues fazer”, ou “tens ereções ou orgasmos”, são muito comuns infelizmente e isso muitas das vezes inibe as pessoas com deficiência de avançar para a pessoa que sente atracão.
Mas esta “noção”, digamos assim, não é só nas pessoas ditas “normais”, temos casos em que as próprias pessoas com deficiência procuram homens e mulheres sem deficiência, como se fosse um “prémio” e esquecem-se que o amor e o sexo também pode acontecer entre duas pessoas com deficiência.
Este tema tinha muito conteúdo para ser explorado, dava quase para escrever um livro tipo os Maias, mas para não nos alongarmos mais, terminamos com uma frase: “Afetos e sexo é um dom que todo o ser vivo precisa e tem, não o evitem ou neguem, desfrutem!”.
Autores: Maria João Morgado e Carlos Filipe
Apesar da sexualidade ser uma função natural inerente a todos nós, está repleta de preconceitos e descriminação que se intensificam quando o tema aborda a sexualidade em pessoas com deficiência.
A sexualidade desta minoria está repleta de conotações negativas. Muitos encaram-nos como seres assexuados, outros como detentores de impulsos perversos, agressivos e incontroláveis.
É necessário desmistificar estas crenças e preconceitos de modo a possibilitar a estes jovens e adultos a desejada integração a todos os níveis, incluindo aqueles que se relacionam com a sua sexualidade.
Sou irmã de um jovem portador de paralisia cerebral e felizmente tenho o privilégio de conhecer e privar com outras crianças, jovens e adultos com deficiência. Digo privilégio porque me dão constantemente lições de vida, apesar de todas as limitações e condicionantes a que estão sujeitos, um privilégio também porque são perseverantes e lutadores, são pessoas como todos nós que têm necessidade de construir relações afetivas e sexuais e que têm necessidade de amarem e serem amados.
Penso que as maiores dificuldades para viverem a sua sexualidade são de ordem adaptativa e não biológica.
Muitos destes jovens e adultos têm dificuldade em estarem em contextos normalizados, vivem em isolamento familiar ou institucional e privados do contato social. Este contexto e a falta de educação sexual específica (seja por parte da família, escola ou instituições) faz com que muitos não consigam ajustar socialmente o seu comportamento sexual.
Existem pessoas com deficiência que raramente têm momentos de privacidade estando sempre acompanhados o que não lhes facilita a perceção do espaço público/privado. Por outro lado, os pais e a família, que para além de super protetores têm bastante dificuldade de uma educação sexual nesse sentido.
Estes fatores fazem com que a pessoa com deficiência não seja ouvida relativamente às suas dúvidas e que viva num desconhecimento profundo a respeito da sua sexualidade.
É muito importante que se criem programas de educação sexual para esta população, quer nas escolas quer nas instituições, capacitando os pais para esta problemática de modo a facilitar-lhes algumas ferramentas que os ajudem na educação sexual dos filhos.
Dar-lhes abertura para falarem dos seus desejos, dúvidas ou necessidades. Criar espaços privados e íntimos onde se possam relacionar com outras pessoas ou consigo mesmo na intimidade. É imperativo dar-lhes ferramentas que lhes possibilitem um desenvolvimento sexual dentro da normalidade.
Há ainda muito a fazer neste sentido, mas é encorajador perceber que é um assunto cada vez mais discutido e que todos nós enquanto parte integrante da sociedade podemos contribuir para a mudança de mentalidades e do desconhecimento.
Autora: Cristina Pires (Irmã)
Revista DEFCON Poder da APCAS-Associação de Paralisia Cerebral de Almada Seixal, cofinanciada pelo Programa de Financiamento a Projetos do Instituto Nacional para a Reabilitação!
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